terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Escolhendo a sua área de especialização. [An "Thoughts On Translation's" article to practice my translation skills] *repost*


Olá, pessoal!

Em minhas pesquisas sobre tradução, tenho encontrado diversos textos interessantíssimos pela internet. Um dos meus blogs favoritos é o Thoughts On Translation, da fofa da Corinne McKay, tradutora americana que traduz do inglês para o francês e tem dois livros sobre tradução publicados até agora. O blog é tão completo e diversificado que recebeu o prêmio de melhor blog sobre tradução de 2013 pela ProZ!
O texto que escolhi para traduzir neste carnaval fala sobre a importância da especialização na carreira de qualquer tradutor, independentemente de qual área tenha escolhido. O texto original pode ser encontrado aqui.
Escolhendo a sua área de especialização

Há mais ou menos 11 anos, eu fiz a minha primeira entrevista com uma empresa de tradução. A primeira pergunta da gerente de projetos, “Quais línguas você fala?”, já era esperada. A pergunta seguinte, “Quais são as suas especializações?”, me pegou desprevenida. Especializações??? Quer dizer que falar outro idioma não é suficiente? Bem, como descobri mais tarde, somente habilidades linguísticas não são suficientes para um tradutor construir uma carreira de sucesso; então, aqui estão algumas reflexões sobre como identificar e buscar especializações na área da tradução.

Primeiro, aqui está uma dica do tradutor veterano Jill Sommer: escolha uma área em que você goste de pesquisar. Você realizará muita pesquisa sobre a sua especialidade, então tenha certeza de que ache isso interessante. Você também terá que ter certeza de que a sua especialidade gere trabalho remunerado suficiente para que você tenha um trabalho rentável. Muitas pessoas começam focando em seus interesses e vocações: tecelagem, luteria* e coisas do tipo. Sem sombra de dúvida, existe trabalho nessas áreas, mas provavelmente não o suficiente, ou que não pague bem para mantê-lo ocupado sempre. Se você quer trabalhar com clientes diretos, existe trabalho em qualquer especialização que você possa imaginar. Se você quer trabalhar com agências, você tem que realmente focar em alguma especialidade das principais áreas dela, como finanças, medicina, juramentada, farmacêutica, TI, patentes, etc. Também é útil identificar algumas áreas em que você não é especializado: áreas em que você definitivamente não quer traduzir.

Para textos médicos mais carregados, você realmente precisa de um forte conhecimento anterior em medicina para fazer uma boa tradução. Mas muitos tradutores são autodidatas em suas áreas de especialização: eles escolhem a área que lhes parecem interessantes, começam a trabalhar com algo não muito técnico, e aprendem conforme continuam com esse tipo de texto. De certa forma, você também vai querer seguir o dinheiro. Eu digo para todos os meus alunos de tradução que, em algum lugar, existe a intersecção entre a área você quer traduzir e a área que os clientes vão te pagar bem. Se a sua paixão é a arte, talvez exista um nicho bem remunerado para traduzir para museus que emprestam trabalhos artísticos internacionalmente. Se a sua paixão é tecelagem, talvez você possa trabalhar com empresas têxteis que querem vender seus produtos em outros países. De um lado, é melhor focar em um tipo de indústria (jurídica, farmacêutica) em que os clientes tenham que traduzir para que possam trabalhar. Mas por outro lado, é melhor focar em uma indústria (comunicação corporativa, hospitalidade) em que os clientes esperam que uma tradução realmente boa traga mais trabalho para eles.

Finalmente, se você está interessado em trabalhar com clientes diretos, não tenha medo dos mercados de nichos**. Assim como a tradutora da indústria química (francês-inglês), Karen Tkaczyk, diria a você, tudo o que você precisa é trabalho suficiente para uma só pessoa! Eu tenho conhecido tradutores bem sucedidos que se especializaram em cavalos, filatelia, pescaria e reciclagem. E se você quer expandir seus conhecimentos em sua especialização, um provedor MOOC (Massive Open Online Courses), como o Coursera (https://www.coursera.org/), é um bom lugar para começar. Você pode ler sobre a minha experiência em uma aula de epidemiologia do Coursera aqui: http://thoughtsontranslation.com/2013/10/17/some-thoughts-on-moocs/.

[*LUTERIA: 1 Fabricação de instrumento de corda com caixa de ressonância. 2 Conjunto de tais instrumentos. (Dicionário Online Michaelis)

[**NICHO: (mercado) Cargo bem pago e pouco trabalhoso. (Sinonimos.com.br)

Começando como um Freelancer: quanto tempo demora? [A "Thoughts on Translation" article] *repost*


Por Corinne McKay  (o texto original pode ser conferido aqui)

Esta é uma pergunta comum dos tradutores freelancers iniciantes e das pessoas almejando o trabalho freelance: quanto tempo demora para começar um negócio freelancer viável?

As particularidades de todo mundo se aplicam aqui. A sua língua, além do Inglês, é Espanhol ou Japonês? Você só tem experiência em línguas ou também tem um doutorado em física nuclear E experiência em línguas? Você mora em Tóquio ou Montana? E o quê é que você quer dizer com “começar”?
Mas existe um risco em qualquer resposta. Para mim, existem dois pontos que marcam quando pensamos em começar um negócio freelance: 1) o momento quando você sabe que vai trabalhar como um freelancer (ou seja, quando você deixa de se estressar todo o santo dia sobre se vai continuar assim ou arranjar um emprego normal) e 2) o momento em que você simplesmente tem trabalho o suficiente (ou seja, quando você consegue focar em fazer o que você gosta e no quê você é bom, ao invés de focar em o quê quer que seja que pague as contas).
Minhas próprias respostas: 18 meses e três anos. Depois de mais ou menos 18 meses sendo freelancer, eu soube que eu seria freelancer. No meio do segundo ano, eu já havia recebido mais dinheiro do que havia recebido no primeiro ano inteiro. Os clientes esporádicos foram se tornando clientes regulares; um “grande projeto” era de $1.000, não de $200. No final do terceiro ano, eu já não me estressava mais sobre de onde o próximo projeto iria vir, já que eu tinha trabalho o suficiente quase o tempo inteiro. Eu comecei a largar alguns clientes de baixa remuneração e a investir nos de alta. Eu comecei a pensar em quais tipos de traduções eu realmente gostava de fazer e era boa, e eu procurei clientes diretos nessas áreas.

Sobretudo, eu acho que a resposta para “quanto tempo demora” é “provavelmente mais tempo do que você pensa”. Não é com a intenção de ser sarcástica ou cínica mas, quando tradutores iniciantes me fazem essa pergunta, frequentemente eu os aconselho que, se você quer um negócio em grande crescimento dentro de poucos meses, ofereça um serviço que as pessoas precisem, e isso já denota um conselho diretamente. Limpe casas, leve cachorros para passear, dê aulas particulares. Não comece um negócio de tradução freelance se você precisa ter a renda de um emprego de tempo integral em poucos meses, a não ser que você trabalhe com um idioma ou especialização que são ambos muito bem-pagos e em grande demanda.

Outra pergunta: qual é a porcentagem de freelancers que conseguem passar da fase inicial e qual é o grau de sucesso deles? Eu venho lecionando o meu curso de primeiros-passos para freelancers iniciantes por mais ou menos oito anos e, eu diria, sem nenhuma base científica, que os recém-formados que eu tenho acompanhado são quase igualmente divididos em três categorias: cerca de um terço está traduzindo de alguma forma, mas associando isso a outro emprego; por volta de outro terço percebeu que toda esta coisa de trabalhar como freelancer era muito trabalhoso ou nunca foram capazes de encontrar o tipo de clientes com os quais eles queriam trabalhar para que pudessem construir um trabalho de tempo integral.

Leitores, qual é a sua opinião sobre a duração da fase inicial?

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ALINE DIZ: Como uma tradutora amadora, eu tenho que dizer o quão difícil eu acho essa fase inicial que a Corinne menciona no artigo. Eu ainda preciso adquirir confiança nas minhas traduções para poder oferecer um serviço freelance, mas o ideal seria, na minha opinião, se eu conseguisse ingressar como estagiária em uma agência que oferece este tipo de serviço, já que eu teria um feedback dos outros colaboradores de como andam as minhas traduções. Só então acredito que conseguiria oferecer um serviço confiável. Ao mesmo tempo, é necessário treinar em casa, traduzindo esses pequenos textos - e textos mais desafiadores - para não perder o jeito.
Gostei de traduzir esse texto, bem gostoso e bastante informativo. Adoro traduzir e aprender alguma coisa conforme eu vou lendo e entendendo sobre o que se trata.


Até a próxima!

As (in)fidelidades da tradução, de Francis Henrik Aubert - INTRODUÇÃO

Olá a todos!

Vou fazer uma espécie de resenha das minhas leituras refentes à teoria da tradução e, para começar, escolhi o livro "As (in)fidelidadesda tradução - Servidões e autonomia do tradutor", do Prof. Dr. Francis Henrik Aubert. Meu primeiro contato com esse autor foi na disciplina "Introdução aos Estudos Tradutológicos", com a Prof. Dr. Adriana Zavaglia, mas lemos seu texto “Modalidades de Tradução: Teoria e Resultados”.  Porém, como o autor é uma referência no meio acadêmico, resolvi correr atrás do texto integral.

INTRODUÇÃO

Logo no início da introdução, Aubert relembra a conhecida posição do tradutor como um “serviçal” do texto e/ou do autor do texto original, onde não pode deixar nenhum resquício de sua participação no texto final – caso o faça, será mal visto e sempre lembrado por sua falha. Porém, elo autor enfatiza que existem outras questões que necessitam de atenção: “É cabível exigir do tradutor o seu próprio apagamento? Em que medida é aceitável o desvio do texto traduzido em relação ao original?”.
Aubert ressalta que essas questões se aplicam muito mais ao ato tradutório do que ao texto traduzido em si, para que suas soluções só então resultem no trabalho final já traduzido; ou seja, no livro, o autor abordará a tradução como um processo passível a diversos elementos externos “de ordem linguística e extralinguística, subjetiva e intersubjetiva”, processo este motivado por alguma necessidade (ou um conjunto de necessidades) proveniente de um bloqueio comunicativo entre o Emissor e o Receptor provocado por alguma variação linguística existente entre os dois. Essa variação pode ser proveniente de diversos fatores (como variações temporais ou diferentes circunstâncias comunicativas), resultando em uma “ruptura do elo comunicativo, em que a decodificação da mensagem deixa de se produzir de maneira adequada às respectivas intenções dos referidos participantes”. Assim, é necessário um novo ato comunicativo, o ato tradutório.
O ato tradutório ocorre durante a segunda relação comunicativa, onde o receptor torna-se o emissor ao decodificar a mensagem da primeira relação e “desbloquear” o conteúdo desta a fim de entregar a mensagem de forma inteligível para o receptor final:



Essa sequencia comunicativa possui um conjunto de variáveis de natureza psicossocial, factual, linguística, econômica, jurídica etc, e o um dos objetivos do livro é categorizar as variáveis do ato tradutório e, então, responder as perguntas estabelecidas acima. Para isso, o autor dividiu o livro nos seguintes tópicos:
  •          A dimensão temporal
  •          Os participantes do ato tradutório
  •          Os códigos
  •          Os referentes e suas expressões no código
  •          Interação entre os participantes do ato tradutório e o complexo código/referente: a questão das competências
  •          Os canais
  •         As mensagens e os limites da “fidelidade”
  •          A autonomia do tradutor e da tradução
E essa foi a Introdução. No próximo post farei um resumo/resenha do 2º capítulo, “A dimensão temporal”. Até mais!