Desde setembro de 2014, tenho
sido estagiária em uma empresa especializada em traduções juramentadas. Nesse
meio tempo, sinto que houve um crescimento dentro de mim que me fez olhar para
o mercado de tradução de uma forma completamente diferente da que eu tinha
antes de entrar no ramo, já que minha visão era bastante ingênua e a expectativa
era muito grande quanto as traduções que iriam cair em minhas mãos.
Primeiramente, a rotina do
tradutor não é nem de longe glamorosa e sossegada como eu achava que seria:
existem prazos, terminologia que você não tem a mínima ideia de onde encontrar
o significado, dor nas costas por conta da postura errada que você senta o dia
inteiro, você se dá conta que o seu inglês é uma porcaria e existe toda uma
gama de vocabulário para aprender de diversas áreas! O início é MUITO difícil,
existe muita informação chegando, você precisa se familiarizar com vários tipos
de documentos (procuração, contrato, normas técnicas, manual de carros...
AAAAARGH), entender suas finalidades e contexto, como funciona aqui no Brasil,
como funciona no exterior... É muita, muita informação. Costumava voltar pra
casa arrasada por conta da minha inacabável ignorância! Contudo, hoje me sinto
muito mais à vontade com eles e, quando um documento novo chega em minha mesa,
eu já não tenho tanto medo e sei que posso contar com a ajuda da equipe que
trabalha comigo. Sem contar que eu aprendo coisas novas todos os dias, desde
como funciona a divisão de fóruns, varas e tribunais no Brasil e no mundo até
os “majors” oferecidos nas universidades americanas e como são classificados.
Outra coisa que me chamou a
atenção foi o fato de que o tradutor não só precisa encontrar o significado equivalente
para uma determinada expressão, mas também precisa entender o contexto daquele
documento e qual é a finalidade dele. Não adianta você anotar o significado de
uma palavra X e achar que vai servir para todos os contextos que você vai
encontrar, não. Aquela palavra pode ter várias nuances, dependendo da frase e
do documento em que está inserida.
Além disso, existem diversas
ferramentas de tradução disponíveis no mercado, ou seja, o profissional não
está preso ao Word e a ter que copiar e colar aquela expressão repetitiva.
Finalmente, o mercado de tradução
é muito, muito fechado (acredito que tive muita sorte em conseguir um estágio
numa empresa que trabalha com uma gama tão diversificada de documentos) e a
tradução editorial é extremamente injusta (sim, eu sonhava acordada em traduzir
literatura e em quebrar a cabeça para transformar “Revendell” em “Valfenda”),
já que as editoras estipulam prazos curtíssimos e não reconhecem ($$$) o
trabalho do tradutor como deveriam. Além disso, existem muitos tradutores que
não têm o devido cuidado ao traduzir textos literários, por motivo de má formação
profissional ou simplesmente por não ter em mente o cuidado que tal trabalho
demanda.
Há outros pontos muito
importantes que esse estágio agregou que eu vou desenvolver mais detalhadamente
em postagens futuras. É muito bom estar finalmente com as mãos na massa nesse
ramo que escolhi pra mim. Agradeço todos os dias por poder estar em um ambiente
tão agradável e poder exercer os conhecimentos linguísticos que eu adquiri na
faculdade (finalmente!).
Até mais!
(Foto: http://www.guiadotradutor.com/wp-content/uploads/2013/09/procedimentos-tecnicos-de-traducao.jpg)
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