terça-feira, 3 de março de 2015

Trabalhando com tradução: primeiras impressões


Desde setembro de 2014, tenho sido estagiária em uma empresa especializada em traduções juramentadas. Nesse meio tempo, sinto que houve um crescimento dentro de mim que me fez olhar para o mercado de tradução de uma forma completamente diferente da que eu tinha antes de entrar no ramo, já que minha visão era bastante ingênua e a expectativa era muito grande quanto as traduções que iriam cair em minhas mãos.

Primeiramente, a rotina do tradutor não é nem de longe glamorosa e sossegada como eu achava que seria: existem prazos, terminologia que você não tem a mínima ideia de onde encontrar o significado, dor nas costas por conta da postura errada que você senta o dia inteiro, você se dá conta que o seu inglês é uma porcaria e existe toda uma gama de vocabulário para aprender de diversas áreas! O início é MUITO difícil, existe muita informação chegando, você precisa se familiarizar com vários tipos de documentos (procuração, contrato, normas técnicas, manual de carros... AAAAARGH), entender suas finalidades e contexto, como funciona aqui no Brasil, como funciona no exterior... É muita, muita informação. Costumava voltar pra casa arrasada por conta da minha inacabável ignorância! Contudo, hoje me sinto muito mais à vontade com eles e, quando um documento novo chega em minha mesa, eu já não tenho tanto medo e sei que posso contar com a ajuda da equipe que trabalha comigo. Sem contar que eu aprendo coisas novas todos os dias, desde como funciona a divisão de fóruns, varas e tribunais no Brasil e no mundo até os “majors” oferecidos nas universidades americanas e como são classificados.

Outra coisa que me chamou a atenção foi o fato de que o tradutor não só precisa encontrar o significado equivalente para uma determinada expressão, mas também precisa entender o contexto daquele documento e qual é a finalidade dele. Não adianta você anotar o significado de uma palavra X e achar que vai servir para todos os contextos que você vai encontrar, não. Aquela palavra pode ter várias nuances, dependendo da frase e do documento em que está inserida.

Além disso, existem diversas ferramentas de tradução disponíveis no mercado, ou seja, o profissional não está preso ao Word e a ter que copiar e colar aquela expressão repetitiva.

Finalmente, o mercado de tradução é muito, muito fechado (acredito que tive muita sorte em conseguir um estágio numa empresa que trabalha com uma gama tão diversificada de documentos) e a tradução editorial é extremamente injusta (sim, eu sonhava acordada em traduzir literatura e em quebrar a cabeça para transformar “Revendell” em “Valfenda”), já que as editoras estipulam prazos curtíssimos e não reconhecem ($$$) o trabalho do tradutor como deveriam. Além disso, existem muitos tradutores que não têm o devido cuidado ao traduzir textos literários, por motivo de má formação profissional ou simplesmente por não ter em mente o cuidado que tal trabalho demanda.


Há outros pontos muito importantes que esse estágio agregou que eu vou desenvolver mais detalhadamente em postagens futuras. É muito bom estar finalmente com as mãos na massa nesse ramo que escolhi pra mim. Agradeço todos os dias por poder estar em um ambiente tão agradável e poder exercer os conhecimentos linguísticos que eu adquiri na faculdade (finalmente!).

Até mais!

(Foto: http://www.guiadotradutor.com/wp-content/uploads/2013/09/procedimentos-tecnicos-de-traducao.jpg)